O jogo disputou-se como se previa: num relvado péssimo e onde não devia ser permitido jogar, condições atmosféricas adversas e com o Benfica a tomar conta do jogo desde muito cedo. Até aos 20 minutos do duelo nada de muito especial para contar, sem lances a merecer destaque e sem rasgos individuais a realçar, mas com uma entrada assassina de Bruno Alves sobre Rodrigo que obrigaria Jorge Jesus a retirar o hispano-brasileiro (o central português apenas levou cartão amarelo, quando o vermelho se ajustava). Aos 20 minutos, o primeiro golo encarnado. Cardozo bate um livre frontal, o guardião do Zenit (péssima exibição) defende a bola para a frente e Maxi Pereira, oportuno, coloca o Benfica em vantagem. Este golo serviu de aviso à turma russa, que a partir daí acentuou a pressão efetuada e dificultou de sobremaneira a vida às águias, que se viram obrigadas a baixar as linhas ofensivas. Foi neste tónico que os de São Petersburgo empataram a partida, com um excelente golo de Shirokov, após um cruzamento milimétrico para o pé preferencial do centro-campista. A partida tornou-se demasiado tática, com ambas as equipas a pensarem mais na contenção. Desta forma chegou o intervalo, que precederia uma segunda parte de grande nível.
Precisamente na etapa complementar, o Zenit optou por lançar Semak a jogo, uma aposta que deu ao conjunto de Luciano Spaletti mais contacto com a bola e mais inteligência, ao invés de velocidade. As condições do relvado complicaram a tarefa de ambas as equipas, embora o mais prejudicado tenha sido inegavelmente o Benfica, que não está habituado a estas condições. Aos 70 minutos o melhor golo da partida, Semak, de calcanhar, concretiza a reviravolta, após uma jogada bem planeada pelos soviéticos. Os encarnados não desistiram e empataram mesmo, com golo de Cardozo, aos 87 minutos, depois de Zhevnov ter praticamente retirado a bola dos pés de Bruno Alves, que se preparava para afastar o perigo. No entanto um erro de Maxi deitou tudo a perder. O uruguaio pretendeu dominar a bola numa zona crítica, perdeu-a para Shirokov, e este, após regatear Artur, colocou-a dentro da baliza.
O Benfica perde, mas, o facto de ter marcado em todos os jogos até agora e de jogar na Luz são argumentos poderosíssimos. Porém não se pode subestimar o Zenit, que apostará, em Lisboa, certamente em defender bem e contra-atacar ainda melhor. Esta derrota foi exemplo do poderio e da evolução, não só do Zenit, mas também do futebol na Rússia, que demonstra que, embora haja dinheiro, não é só isso que faz a diferença, como se constatou ontem.
Fernando Machado
Sem comentários:
Enviar um comentário
Colabore connosco comentando e aumentando, assim, a diversidade de opiniões no nosso blogue. Não ativámos a moderação de comentários, porém, não ultrapasse os limites - comentários abusivos serão eliminados.