Espanha 0-0 Portugal (4-2 penáltis)
É o fado português! A exibição contra Espanha, campeã do mundo e europeia, merecia outro resultado, já que, apesar dos hispânicos terem dominado grande parte da partida, os jogadores lusos jogaram como guerreiros, ante uns espanhóis que não lograram demonstrar o seu melhor futebol.
A partida começou com uma enorme surpresa no onze espanhol, graças à utilização, de início, do ponta-de-lança do Sevilha Negredo. Quanto à seleção nacional, o filme repetiu-se: plantel igual. Porém, desta feita, com uma novidade, que foi a entrada de Hugo Almeida diretamente no onze, substituindo Hélder Postiga, lesionado. Os minutos iniciais do desafio caraterizaram-se pelo receio das seleções em atacarem, o que tornou esta fase do jogo algo enfadonha. Mas, a partir dos 10 minutos, o famoso "tiki-taka" começou a fazer-se sentir, estando Andrés Iniesta no centro desta avalanche ofensiva, embora sem resultados práticos. Curiosamente, foram os lusos que dominaram no primeiro tempo, muito devido à garra e potência de Fábio Coentrão, que aproveitou este jogo para "calar" alguns críticos que, ao longo da temporada, o criticaram pelas suas exibições ao serviço do Real Madrid.
A segunda parte não alterou muito o figurino do jogo, já que se pode voltar a constatar que os ibéricos tinham demasiado respeito ente si. Vicente del Bosque, timoneiro da "Roja", notou que Negredo não estava a render o esperado, de maneira que, aos 54 minutos, decidiu retirá-lo do campo, fazendo entrar Fábregas, visando ocupar os espaços vazios, para que o "tiki-taka" fluísse melhor. Tal sucedeu-se, apesar de continuar a não haver lances de real perigo junto ás balizas. Del Bosque decidiu recorrer, de novo, ás substituições, retirando David Silva, desinspirado, por Jesús Navas. A partir do minuto 70, "la Roja", graças à entrada de Fábregas minutos antes, conseguiu assumir o jogo, dominando por completo o "miolo", aumentando, como é natural, a sua percentagem de posse de bola. Apesar de tudo, a estatística não refletia o que estava a ser a partida, pois os jogadores lusos mantiveram um jogo sereno, com raros erros. Até fim do tempo regulamentar, nota para a entrada de Nélson Oliveira, aos 83', em detrimento de Hugo Almeida, e para dois livres de Cristiano Ronaldo que não levaram muito perigo à baliza à guarda de Casillas.
No prolongamento, os espanhóis, finalmente, conseguiram conjugar o domínio da posse de bola com algumas situações de grande perigo, como foi o caso do remate de Iniesta, aos 104 minutos, que permitiu a Rui Patrício realizar uma grande intervenção. A segunda parte do prolongamento começou com a entrada em cena de Custódio, para o lugar de Miguel Veloso. Troca por troca então, para que a "seleção de todos nós" tivesse mais domínio posicional. O perigo voltou a rondar a baliza portuguesa, quando aos 111 minutos Jesus Navas, após boa jogada individual, rematou para mais uma grande estirada de Rui Patrício. Até ao fim do duelo, há ainda a destacar a alteração de Raul Meireles por Varela, alteração que obrigou Nani a descer no terreno, passando a ter missões mais defensivas.
Como nenhuma equipa teve arte nem engenho para suplantar o adversário nos 120 minutos iniciais, teve de se recorrer à cruel decisão por grandes penalidades. Aí, o tal infortúnio bateu ás portas da seleção. Rui Patrício, auxiliado por Cristiano Ronaldo, ainda defendeu o primeiro remate espanhol, mas o falhanço de Moutinho logo de seguida complicou as contas aos lusos. Após uma série de golos, Bruno Alves rematou, a bola bateu na trave e volveu para longe da baliza de "la Roja". No penalty a seguir, Fábregas rematou, a bola embateu no poste mas, ao contrário do remate de Bruno Alves, este foi direitinho para dentro da baliza, deitando por terra a ilusão portuguesa de alcançar a sua segunda final num Europeu de futebol. Quanto ao conjunto de Del Bosque, pode entrar na história como a primeira seleção que ganhou dois europeus consecutivos. Para isso, é necessário que Espanha suplante, na final, Alemanha ou Itália, que se defrontam hoje, em Varsóvia.
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