sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Portugal vence a batalha; agora, falta a guerra

No terreno tradicionalmente difícil da Irlanda do Norte (local onde a seleção nacional nunca havia ganho), Portugal entrava com a certeza de que não havia margem para erros: a Rússia tinha cumprido o seu dever (vitória "sem espinhas" sobre o Luxemburgo, por 4-1) e uma "escorregadela" poderia ser fatal para as aspirações lusas. Numa partida nem sempre bem disputada (as equipas optaram por utilizar mais o físico do que a criatividade), acabariam mesmo por ser os visitantes a levar a melhor, com pragmatismo mas sem brilhar.


Os primeiros quinze minutos de jogo foram dominados pelos visitados que, sem deslumbrarem, foram chegando com alguma regularidade à baliza à guarda de Rui Patrício, que se manteve seguro. Porém, a equipa das "quinas" foi subindo de produção até que, aos 21 minutos, o defesa central Bruno Alves colocou as suas hostes à frente do marcador. Depois dos problemas iniciais, parecia que se iria assistir a um "passeio", tanto mais que os lusitanos continuaram a criar oportunidade escandalosas para dilatar a vantagem (Vieirinha e Cristiano Ronaldo iam-se destacando). Porém, num ápice, tudo mudou: os norte-irlandeses tomaram conta das operações, beneficiando das falhas de Fábio Coentrão e de João Moutinho o que culminou no tento de McAuley, aos 36', após canto cobrado por Ferguson. E, quando se pensava que pior era impossível, eis que Hélder Postiga se dá ao luxo de agredir um adversário. Resultado: o atacante do Valência é expulso e deixa a sua equipa com um a menos para a etapa complementar....

... que encetaria de forma catastrófica quando, aos 52', os "norn iron" se colocavam em vantagem, através do golo, em posição irregular, de Ward. Do "céu ao inferno" em 15 míseros minutos, o conjunto de Paulo Bento não dava sinais de vida, prosseguindo com um estilo lento e previsível. Contudo, os comandados de Martin O'Neill cometeriam a mesma infantilidade que vitimara os oponentes: aos 61', entrada agressiva de Chris Brunt que vê o segundo amarelo, indo "para o banho mais cedo". Daqui para a frente, pode-se dizer em abono da verdade que só deu Portugal, ou melhor, Ronaldo, pois haveria de estar no jogador do Real Madrid a chave do encontro. Aos 68 minutos (ou seja, 7 depois da expulsão de Brunt), o capitão empata a contenda, dando seguimento a um canto favorável à sua camisola (teve pendor simbólico, pois permitiu-lhe igualar a marca da lenda Eusébio, segundo melhor marcador das "quinas", com 41 tentos). Todavia, isto era apenas o início: aos 77' bisa, de cabeça, fazendo o 3-2 e, por volta dos 83' (já depois de mais um vermelho aos britânicos), livre batido de forma exemplar para o "hat-trick" do terceiro melhor jogador na Europa na temporada transata. .

A batalha foi vencida, mas ainda falta o mais difícil: a guerra, pois a Rússia promete não desarmar na luta pelo primeiro posto (que permite o acesso direto ao Mundial de 2014, no Brasil). Relativamente a destaques, nota evidente para Cristiano Ronaldo, que levou autenticamente a seleção "às costas", mercê de três golos essenciais. Em contraponto, surgem os laterais João Pereira e Fábio Coentrão, que se revelaram muito permeáveis (principalmente no primeiro tempo).

4 comentários:

  1. A jogar assim dificilmente Portugal chega diretamente ao mundial.

    Joka

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    1. A turma de Paulo Bento exagera no futebol direto e apresenta pouca intensidade de jogo. Falta alguém que saiba pautar o jogo (um "10" puro, não Moutinho ou Meireles). Além do mais, as opções são cada vez menos e de menor qualidade. Há uns anos, para as alas, Scolari tinha: Figo, Ronaldo, Simão (o "carregador de pianos" do Benfica nesse tempo), Quaresma (a jogar ao mais alto nível no FC Porto), Boa Morte, Nani, entre outros. Hoje de qualidade acima da média: Ronaldo, Nani, Danny (que nem é um extremo clássico) e possivelmente Vieirinha.

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    2. Eu até acho que o problema não está nas alas, mas sim na lateral direita (joão pereira é muito fraquinho) e no meio (Meireles devia sair para entrar um verdadeiro 10, e mesmo o veloso não é grande coisa).

      Joka

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    3. Eu também não penso que o problema esteja nas alas. Apenas quis dar um exemplo concreto da diferença da qualidade das opções (em todos os setores) que Scolari tinha ao seu dispor face às que Bento possui atualmente.

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