quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Craques tardios

Muitos jogadores "conquistaram o mundo" através da sua magia e técnica futebolista precocemente, como Pelé (disputou e venceu o seu primeiro mundial com singelos 17 anos), Messi (assumiu-se como titular do Barcelona com apenas 20 anos, vencendo o galardão de melhor jogador do mundo dois anos depois), Cristiano Ronaldo (aos 19 já era uma das figuras do Manchester United e da seleção nacional) e Neymar (aos 21 anos transferiu-se para os culé por 57 M€ sendo, simultaneamente, a figura principal do Brasil).


 Porém, ao longo da história do futebol, encontramos diversos atletas consagrados no ângulo oposto: só se revelaram ao mais alto nível tardiamente mas, mesmo assim, ainda foram a tempo de deixar uma marca incontornável neste desporto.

Dino Zoff: Rejeitado pelos colossos italianos aos 14 anos, Zoff, um dos melhores guarda-redes de todos os tempos, só aos 30 viu a sua persistência recompensada quando foi contratado pela Juventus, na década de 70 um dos melhores conjuntos europeus. Nos bianconeri, ainda conseguiu compensar o tempo "perdido" em emblemas de segunda linha do campeonato transalpino, como a Udinese e o Nápoles, vencendo 6 scudettos e uma Taça UEFA (falhou a Champions no seu último ano como profissional). Na seleção também é um caso de estudo: só se assumiu como titular indiscutível em 1972 (quando se mudou para Turim) e até 1974 não sofreu um único golo pela Squadra Azzurra (recorde mundial); depois, em 1982, aos 40 anos, capitaneou-a até à vitória no Campeonato do Mundo, fechando em grande uma carreira que começou negativamente.

Roger Milla: Seguramente, o nome que nos vem imediatamente à memória quando se comenta este assunto, devido aos seus feitos em mundiais em idade avançada. Todavia, Milla não foi assim tão tardio: em 1977, quando se iniciou no futebol europeu, no Valenciennes, de França, já era o melhor jogador do seu continente. Todavia, a sua passagem pela antiga Gáulia foi dececionante pois, apesar dos muitos golos que registou, alinhou sempre em emblemas de qualidade média (ainda debutou pelo Monaco, Bastia, Montpellier e Saint-Étienne, clubes que, na altura, não tinham grande expressão a nível do "Velho Continente"). Após esta longa jornada em França, o camaronês pensou na reforma. Todavia, a interferência do presidente Paul Biya fê-lo repensar, pelo que regressou à ativade profissional no Campeonato do Mundo de 1990. Aí, com 38 anos, guiou a sua seleção aos quartos-de-final, marca nunca antes registada por um país africano, sendo ainda um dos artilheiros da competição. Em 1994, nos Estados Unidos, Milla chocaria o mundo, ao regressar para o Campeonato do Mundo. Nessa edição, bateria dois recordes: atleta mais velho a marcar num mundial (marca que já detinha) e jogador mais velho a alinhar nessa prova (com 42 anos). Rápido, inteligente e com "faro" pelo golo (que o diga Higuita), Roger é um exemplo de força e dedicação, sendo um excelente exemplo para os mais jovens.

Diego Milito: José Mourinho referia regularmente que, infelizmente, Diego Milito surgiu na alta-roda do futebol europeu demasiado tarde. Realmente, independentemente de ter revelado uma apetência pelo golo fora do normal desde muito jovem, o argentino apenas se transferiu para um dos melhores clubes do mundo aos 30 anos. Até lá, brilhou e destacou-se no Racing, da Argentina, no Saragoça (61 golos apontados em 3 temporadas) e na Génova (50 tentos em 3 anos). Depois, ingressou no Inter, onde se afirmou, definitivamente, como um dos melhores avançados do mundo, sendo fulcral para a conquista do "triplete": Liga e Taça italiana e Champions, apontando os golos decisivos em cada competição. Após essa campanha memorável, as lesões têm apoquentado o ponta-de-lança, sendo um dos principais motivos para a sua quebra de forma em 2010/11 (34 partidas/8 golos) e 2012/13 (16 jogos/7 golos). Contudo, quando se encontra na plenitude da sua capacidade física, Milito continua a demonstrar ser um autêntico goleador, que necessita de "meia-oportunidade" para fazer balançar as redes. Em relação a este atleta pode-se dizer, mais do que nunca, que demorou a chegar ao topo do "desporto-rei", mas ainda a tempo de deixar o seu nome cravado na história da atividade.

Ashley Williams: Prestes a completar 29 anos (a 23 de agosto) o galês do Swansea tem sido noticiado como possível reforço do todo-poderoso Arsenal. Apesar de já alinhar pelo emblema de País de Gales desde 2008, só no ano transato demonstrou todo o potencial que lhe é apontado, auxiliando a sua equipa a realizar uma excelente época, que culminou na conquista da Taça da liga inglesa. Rápido, móvel e bom no desarme, Ashley é um excelente central, que encaixaria "como uma luva" nos gunners, independentemente do que indica o seu B.I.

Vítor: Uma autêntica prova viva de que os escalões secundários portugueses têm jogadores de qualidade, apenas há que procurar. Dono de um pé direito fenomenal, o médio centro só logrou chegar à Primeira Liga há duas épocas, quando o Paços de Ferreira lhe abriu as portas. Até aí, não passava de um ilustre desconhecido, debutando em clubes pequenos para a sua genialidade, como o Penafiel. Em 2011/12, Vítor começou a dar indícios de que era um centrocampista acima da média. Na última temporada, finalmente confirmou-se como uma certeza do futebol luso, revelando uma capacidade de passe e uma técnica soberba, tendo sido fulcral para a fantástica prestação do Paços de Ferreira na liga. Aos 29 anos, merece outros voos, até porque ainda conseguirá jogar 4/5 temporadas ao mais alto nível.

2 comentários:

  1. Uma referência ao Lima tb n calhava mal. Apenas no Belem começou a mostrar ao que vinha e aos 29 assina e brilha por um clube grande.

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    1. Estou a pensar fazer uma parte 2 em que o incluirei. Obrigado pela sugestão!

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