sábado, 7 de setembro de 2013

Lendas e Glórias: Lato

Não, Lato não escapou à socapa da "cortina de ferro" soviética num camião qualquer com destino ao ocidente. Ao invés, esperou na sua amada Polónia por competições em que representasse a sua seleção, para aí poder demonstrar todo o seu valor: em mundiais e jogos olímpicos (de forma caricata, só em 2008 os de leste se estrearam em Europeus). Foi, portanto, a antítese de Boniek (ver aqui), que se afastou da sua nação quando se sentiu preparado para tal (rumou à poderosa Juventus).


Nascido em 1950, em Malbork, Grezgorz Lato passou grande parte da carreira entre muros, debutando no modesto Stal Mielec, claramente curto para as potenciais aspirações um jogador de tal calibre. Porém, não podia, de forma legal, sair do país antes de completar 30 anos (lei vigente) e mesmo quando abandonou a pátria não conseguiu um salto qualitativo de relevo (juntou-se aos belgas do Lokeren, sem expressão europeia), isto após ter rejeitado o convite tentador de Pelé, para rumar ao Cosmos de Nova Iorque. Assim sendo, constata-se facilmente que, ao analisar Lato, não me focarei muito nos seus registos nos clubes por onde deambulou.

Perdido numa liga demasiadamente pouco competitiva, onde quase não davam por si, obteve um percurso na seleção que é exatamente o oposto: é o mais internacional de sempre (100 jogos) e o segundo melhor marcador (45 tentos, só ultrapassado por Lubanski). Em termos de títulos, o palmarés corresponde: ouro nos Jogos Olímpicos de 1972 (apesar de ser suplente) e prata nos jogos de 76 (agora sim titular) logrando ainda dois terceiros lugares em Campeonatos do Mundo (1974 e 1982), sendo mesmo o artilheiro no primeiro mencionado. E, já que começámos por referir o nome de Boniek, pode-se dizer que enquanto o antigo jogador da Vecchia Signora brilhou essencialmente nos emblemas (o que não lhe tira mérito nos desafios pelas "águias brancas"), Grezgorz destacou-se principalmente pelo que fez em representação nacional: os dois principais futebolistas polacos da história com perfis distintos.

Bastante rápido, o "pequeno" Lato (175 cm) marcou, indubitavelmente, uma era no futebol, polaco e mundial, devido às suas arrancadas fulgurantes, capazes de "pregar" o adversário ao relvado, pelos passes teleguiados (não é recordado como organizador de jogo, mas também cumpriu bem esse papel) e ainda pelos muitos golos que apontou (estranho, pois nem sempre se assumia como atacante). Para terminar, posso lançar uma questão irresolúvel: quem é o melhor futebolista polaco de sempre: Boniek ou Lato? À primeira vista, é fácil apontar no primeiro, graças à sua solidez desportiva. Mas vejam alguns vídeos e, depois, indiquem-me quem vos parece que mereceria o cetro de "rei"
do leste.

4 comentários:

  1. Acho que o boniek foi um bocadinho melhor...

    Joka

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    1. No meu ponto de vista, o Lato conseguiu ser superior ao Boniek, só que nuca teve o mediatismo do ex-jogador da Roma, já para não falar nos palmarés. De resto, na seleção via-se perfeitamente a sua qualidade (na minha ótica, era ele que separava a Polónia da banalidade da excelência).

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    2. Mesmo assim, o boniek era mais espetacular.

      Joka

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    3. O Boniek era mais espetacular, de facto, mas o Lato marcava muitos mais golos, era mais rápido, no fundo, era o agitador de serviço, ao passo que o ex-Juventus revelava mais qualidade nos passes. Independetemente de tudo, marcaram uma era no futebol e isso é o mais importante!

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