Bruma: O que fazer?

Na época passada, o jovem Bruma teve a possibilidade de ser chamado ao plantel principal e mostrar o seu talento a todos os sócios e simpatizantes do clube. Com ele vinham enormes expectativas e um estatuto a relembrar velhos craques. Afinal, tratava-se da grande pérola do actual futebol leonino. A ambição começou a falar mais alto e o futebol trouxe ao de cima o seu lado mais sombrio: o lado dos documentos, regulamentos, das interpretações e das gravatas. A evolução do jogador foi relegada para segundo plano e passou a importar cifrões, prémios de assinatura e comissões. A verdadeira fraqueza do futebol...
Hoje, apesar de haver quem o desculpe pelo facto de ser mal aconselhado, é visto pela maioria dos adeptos como um "traidor" e já há quem lhe chame "maçã podre". Não se sabe se voltará a jogar pelo Sporting, pois o que hoje é verdade, amanhã já pode ser mentira. Pelo meio, Sporting, Bruma e o futebol português ficaram a perder.

Como se isso resolvesse toda esta situação, a CAP deu razão ao Sporting e reconheceu a validade do contrato celebrado com o jogador, vinculando-o ao clube de Alvalade até 2014.

No seguimento da instabilidade directiva e do fracasso desportivo vivido pelos leões, Jesualdo Ferreira apostou em Bruma e deu-lhe minutos. Marcou um golo, fez três assistências e pelo meio driblou, correu, perdeu bolas infantis e falhou marcações (como o jogo em Paços de Ferreira). Típico da sua tenra idade e de toda a sua irreverência. Acabou a época como um jogador titular e de futuro, de rápida valorização e bastante acarinhado em Alvalade. Quer jogasse bem quer jogasse mal, Bruma não era apupado mas sim incentivado. Era filho da casa e sentia o clube.Pois... Chegou o Mundial de sub-20 e rapidamente o pequeno craque deu nas vistas. Dribles, velocidade, golos e assistências trouxeram ainda mais mediatismo, entrevistas aos diários desportivos nacionais e internacionais e um grande estatuto, quase tão grande quanto o seu enorme ego. Depois da fraca prestação portuguesa, Bruma não mais foi o mesmo. Trocou de empresário após juras de amor ao clube verde e branco mas, em cena apareceu o seu advogado e este encarregou-se de representar, no sentido mais lato possível, o seu cliente. Cátio Baldé, tutor do jovem, auxiliava nas tomadas de decisão e o que se seguiu durou meses. Jogo do rato e do gato, troca de galhardetes entre intervenientes e uma certeza: a resolução do caso seria litigiosa. O contrato do jogador, as assinaturas, os estatutos da Fifa e a idade do jogador foram alvo de fortes discussões. Surgiram notícias de perseguições, raptos e de tudo um pouco. O futebol trouxe ao de cima o seu lado mais sombrio, o lado dos documentos, dos regulamentos, das interpretações e das gravatas. A evolução do jogador foi relegada para segundo plano e passou a importar cifrões, prémios de assinatura e comissões. A verdadeira fraqueza do futebol...

Ao final desta sexta-feira, a CAP (Comissão Arbitral Paritária) proferiu decisão a favor do Sporting Clube de Portugal, negando provimento a quaisquer pedidos e argumentações efectuadas pela parte do jogador. Posto isto, o jogador passará a ver o seu contrato de trabalho reconhecido como válido, vigorando até 2014 com o seu clube Sporting Clube de Portugal, outrora o seu clube do coração.
O advogado do jogador admitiu não estar a contar com este desfecho mas ainda assim não afasta a hipótese de tentar a rescisão unilateral ou procurar levar o caso a instâncias internacionais, como a Fifa. 

Quererá, Bruma, voltar a vestir a camisola dos leões? Será que a decisão da CAP trará finalmente a capacidade de ambas as partes se sentarem para negociar com clareza e frontalidade, tendo em mente apenas a renovação contratual? A imprevisibilidade é nota dominante e ninguém arrisca palpite. Como será o jogador recebido no estádio em que já foi amado?